sexta-feira, 8 de março de 2013

Fala do Professor: Colonização de Alto Araguaia


Por volta do ano mil setecentos e vinte, Diogo Garcia e João de Rezende Costa, residentes na Ilha de Santa Maria, Arquipélago dos Açores, ficaram sabendo que Portugal estava procurando pessoas interessadas em vir para o Brasil. 

À coroa portuguesa estava recrutando voluntários nas Ilhas dos Açores, que estavam excessivamente povoadas. Uma embarcação partiu rumo ao Brasil levando pessoas dos Açores. Na mesma embarcação estavam João e Diogo Garcia.

Ao desembarcarem no Rio de Janeiro tomaram o Caminho Novo, Diogo Garcia estabeleceu-se em um sítio na que hoje corresponde à cidade São João Del Rei. Poucos anos depois, faleceu nos Açores, na Ilha de Fayal Manuel Gonçalves Correia, o “Burgão”, amigo de Diogo Garcia, deixando viúva Maria Nunes. A viúva e suas três filhas, por influência do amigo Diogo, decidiram vir para o Brasil, especificamente para  Minas Gerais.

O grupo chegou a São João Del Rei - MG por volta de 1723. Uma delas, Antônia da Graça, já era casada com Manuel Gonçalves da Fonseca. A segunda, Júlia Maria da Caridade, casou-se, com Diogo Garcia, e a caçula, Helena Maria de Jesus, casou-se com o amigo de Diogo, João de Rezende Costa.

As irmãs ao chegarem ao Brasil ficaram conhecidas como as Três Ilhoas. Foram para Minas Gerais onde deixaram uma grande descendência.Iniciada em São João Del Rei, a grande família descendente das Três Ilhoas migrou para Franca e Ribeirão Preto, em terras paulistas. Outros entraram em terras paranaenses.

Alguns foram para o Triângulo Mineiro edificando povoações e tendo como atividade principal a criação de gado. Seus descendentes foram afazendando-se e reproduzindo-se até chegarem ao leste do Mato Grosso. 

Em 1836, chegaram à região da atual Jataí os pioneiros Francisco Joaquim Vilela e seu filho José Manoel Vilela, (estes também descendiam das “três ilhoas” e de Diogo Garcia) adentraram a região e montaram uma fazenda de criação de gado, às margens dos rios Claro e Ariranha.

Um ano depois (1837) chegou também o jovem paulista José de Carvalho Bastos, acompanhado de sua esposa Ana Cândida Gouveia de Moraes, estabelecendo-se às margens do Ribeirão Bom Jardim. 

Esses dois grupos de pioneiros constituíram o povoamento de Paraíso, hoje cidade de Jataí. Este último casal, teve vinte e quatro filhos, mas apenas dez deles chegaram à idade adulta. Dentre estes, Antônio Cândido de Carvalho e Manoel Carvalho Bastos foram trabalhar e ganhar a vida no leste de Mato Grosso.

Entre os anos de 1836 a 1842 as famílias Vilela, Garcia, Morais, Carvalho, Junqueira e Costa Lima demarcaram terras no sudoeste goiano, entre o córrego do Lajeado até Santana do Paranaíba e ao longo da nascente do Rio Araguaia até a barra do Rio Caiapó. Os filhos destes pioneiros casaram-se entre si e seus descendentes formam hoje grande parte da população do sudoeste do Estado de Goiás e parte do Leste do Estado de Mato Grosso.

Em meados de maio de 1889, partiram de Jataí, Manoel Carvalho Bastos, sua esposa, seu genro, João José de Morais Cajango e esposa Prudenciana Maria e as filhas solteiras, para onde hoje é a cidade de Alto Garças. A comitiva era composta de carros de bois, cargueiros, gado, peões, membros da família e ex-escravos.

Fazia-se necessário então a construção de uma casa. Foi chamado para esta construção o pedreiro José Manoel Salgueiro que veio de Portugal para realização desta obra Salgueiro por ter que passar muito tempo com a família para a construção enamorou-se de uma das filhas de Manoel Carvalho Bastos, a moça Maria Júlia de Carvalho, com a qual se casou. 

Depois de casados, foram morar à margem direita do rio Araguaia, no lugar denominado Comércio de Cima. Esta foi então a primeira família a residir no que hoje corresponde a cidade de Alto Araguaia. 

  


*Viviane Correa Carvalho – Graduada em História pela Universidade Federal de Mato Grosso (2008). Mestre em História de Mato Grosso também pela UFMT no ano de 2011. Atua como professora há três anos entre Ensino Básico e Superior. 

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